domingo, 25 de março de 2012

[Resenha] Cap. 4 A linguagem pele-pele e sua importância na Educação Infantil. Joseane Bufalo.

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Boa noite meu povo! Um tanto quanto cansada, com o cérebro aos cacos por conta da elaboração de um projeto para o mestrado; respiro trazendo a resenha do Cap 4. da dissertação de mestrado escrita por Joseane Bufalo. Nela, a autora realiza um estudo sobre as práticas educativas em uma CEMEI de Campinas, salientando as diversas linguagens que compõem o cotidiano nestes espaços de educação.
No referido capítulo, por tratar de um tema específico com pouca bibliografia disponível, a autora nos deixa o convite para a ampliação destes estudos. Deixo-o como referência inicial para aqueles que tem interesse nas questões do corpo, da linguagem do toque, das questões de gênero e sexualidade na Educação Infantil.
Ele faz parte das referências bibliográficas discutidas na disciplina Artes e Educação Infantil II: Dança e Teatro ministrada pela Profa. Dra. Patricia Dias Prado na Faculdade de Educação da USP.
Grandes abraços de coisas muito boas…
Lorena Oliveira
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Cap. 4. A linguagem pele-pele e sua importância na Educação Infantil.
Resenha
Neste capítulo de sua dissertação de mestrado Joseane Bufalo trata das questões que perpassam a construção de uma ideia valorativa do que denomina linguagem pele-pele e sua ocorrência na Educação Infantil. Partindo de estudo bibliografico e da análise1 das práticas em uma CEMEI de Campinas, a autora se propõe questionamentos quanto a ocorrência e a valoração da linguagem pele-pele no cotidiano de crianças e adultos.
Fundamentando-se nos escritos de Marcel Mauss, Michel de Certeau, Patrizia Tombaccini e Madalena Freire, entende-se o corpo como “instância” na qual ocorre e como a qual se vivência e se constrói a realidade e a cultura. De acordo com Tombaccini: “O corpo está portanto na base do processo de conhecimento. A criança conhece os objetos que a cercam mediante a própria atividade e o movimento” (1997, p. 23 apud BUFALO, p.74)
Deste modo, considerando a ideia e as práticas correntes que na escola, aqui em específico um espaço de Educação Infantil; separam corpo e mente, referindo-se aos estudos de Madalena Freire, nos diz que
“(...) se deve matricular o corpo das crianças na escola, pois normalmente, na escola a enfase é sempre na mente. É valorizado o que a criança aprende em português, em matemática, em estudos sociais, em ciências. O corpo é aquele que faz fila, que senta na cadeira ou em círculo no chão, portanto enfatizando-se a separação da cabeça do corpo.” (p.74)
Constatando a pouca produção bibliográfica no que se refere a importância da linguagem pele-pele na constituição integral dos indivíduos, BUFALO foi buscar referências em outros povos, encontrando na Índia a “Shantala”2, prática de massagem realizada em bebês e elaborada em livro por Frédérick Leboyer. Referindo-se ao contato pele-pele entre adultos e bebês o autor nos diz que: “Nos bebês, a pele transcende a tudo./É ela o primeiro sentido./É ela que sabe.” (BULGARELLI, 1996, p.22 apud BUFALO, p.76)
Considera-se a importância da linguagem pele-pele uma vez que dela surgem comunicações que expressam formas de ser criança e adulto; permitindo-lhes a construção de suas identidades e, no caso das relações estabelecidas neste espaço de educação infantil, a formação integral dos indivíduos.
Antes de concluir este capítulo, BUFALO ainda elabora questões relativas às condições de gênero e à sexualidade infantil; relacionando-as às práticas relativas aos corpos de crianças e adultos em espaços de educação. Salienta-se a necessidade de se considerar tais aspectos nas práticas e reflexões que ocorrem em espaços de Educação Infantil.
Dito isto, tendo em vista se tratar de uma análise realizada em um espaço específico de educação de crianças pequenas, a autora nos deixa o convite para que se realizem investigações nas demais creches de Campinas, cujo objetivo seja a ampliação dos conhecimentos referentes à prática e a valoração da linguagem pele-pele; bem como para fundamentarmos nossas práticas considerando a importância e a necessidade das cem linguagens propostas por Loris Malaguzzi, de modo a romper com as formas onde

“A escola e a cultura

lhe separam a cabeça do corpo.

Dizem-lhe:

de pensar se as mãos

de fazer sem a cabeça

de escutar e de não falar

de compreender sem alegrias

de amar e de maravilhar-se

só na Páscoa e no Natal

Dizem-lhe:

de descobrir o mundo que já existe

e de cem

roubaram-lhe noventa e nove” (p.74)

Notas:
1Realizada a partir da observação presente e da análise de material filmado.
2“Shantala é o nome de uma mulher indiana que faz massagem em bebês. O autor [Frédérick Leboyer] conheceu esta técnica pessoalmente, por meio dessa mulher, na década de 70. Então denominou a referida massagem com o nome dela.” Nota de rodapé p.76
In [Dissertação de Mestrado] Creche: lugar de criança, lugar de infância. Um estudo sobre as práticas educativas em uma CEMEI de Campinas. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Faculdade de Educação, 1997. (p.69 – 81)
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Imagens retiradas da internet.
A dissertação completa está disponível na Biblioteca Digital da UNICAMP











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