sábado, 31 de março de 2012

[Resenha] “A pré-escola como melhoria da qualidade de vida.” Ana L. G. FARIA

Boa tarde queridos. Consegui. Entreguei o projeto de mestrado. Agora, continuar estudando e ver no que dá. Com a cabeça um tantinho mais tranquila trago mais uma leitura discutida na disciplina Artes na Educação Infantil II: dança e teatro, ministrada pela Profa. Dra. Patricia Dias Prado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – FEUSP. Trata-se das considerações finais da tese de doutorado da profa. dra. Ana Lucia Goulart de Faria, atualmente docente da Universidade de Campinas – UNICAMP; aqui apresentado na versão publicada em livro.
Resgatando os Parques Infantis, construídos por Mário de Andrade em meados do século XX quando foi secretário de cultura de São Paulo; a autora pretende propor um olhar diferenciado para os espaços de educação infantil destinados as classes populares. Tal qual Mário de Andrade, acredita-se que para além de seu caratér assistencialista de guarda e cuidado das crianças, a Educação Infantil destina-se ao desenvolvimento integral de seus pequenos frequentadores. Dai a valorização, a produção, o resgate e a difusão de uma educação que esteja embasada na arte, na brincadeira, no movimento, na imaginação…
Boa leitura!
Abraços de coisas boas,
Lorena Oliveira
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Resenha
FARIA, Ana Lucia Goulart.
    1. A pré-escola como melhoria da qualidade de vida1
Ana Lucia Goulart de Faria inicia este capítulo considerando, de modo breve, a especificidade de uma escola de educação infantil voltada para as classes populares. De acordo com a autora, a importância destes espaços envolve uma série de aspectos, de modo que
“A pré-escola que assiste e guarda a criança, dando-lhe alimentação adequada, orientação de higiene e saúde, permitindo que sua mãe trabalhe mais tranquila, embora parcialmente, e sem garantir a especificidade potencial dessa instituição, pode estar contribuindo de alguma forma para uma vida melhor; porém ao pensar que não está educando, corre o risco de educá-la para ordem e a disciplina, portanto, apenas reproduzindo a força de trabalho.” (p. 209)
Salienta-se a ideia de que os espaços de educação infantil, embora não sejam escolas, no sentido de não serem locais onde se aprende disciplinas e seus conteúdos; devem sim valorizar a construção de conhecimentos, particularmente aqueles que dizem respeito à criança como ser que produz e consome cultura, cuja forma de apreensão da realidade acontece com seu corpo e suas diversas linguagens. Isto significa “(...) garantir formas de expressão além da expressão verbal e do pensamento científico enfatizados pela escola, significa garantir o lúdico – enquanto diversão, atividade pelo prazer, geralmente negligenciado pelas instituições de ensino e educação (...)”(p.207)
É corrente a ideia que considera a especificidade da educação infantil destinada às classes populares como espaços cujo objetivo maior deva ser diminuir as “desvantagens” e “deficiências” que as crianças possivelmente enfrentarão ao longo de sua escolarização. Desta forma, a aproximação do ler e escrever, por exemplo, não ocorre tanto como aproximação de uma forma expressiva, de uma linguagem de organização e comunicação sobre a realidade; mas mais como a aquisição de conteúdos e habilidades que mais tarde lhes serão solicitados no ensino fundamental.
Neste sentido, FARIA retoma a ideia proposta e realizada por Mario de Andrade na década de 1940, os Parques Infantis, e propõe a retomada deste projeto como forma de resgatar a “(...) praça pública, como a rua do passado, espaço de divertimento e prazer, de construção da cultura infantil, com convívio de crianças de todas as idades e as de mesma idade com os adultos, com vários adultos, inclusive não-familiares, etc.” (p.209)
Como dito anteriormente, nossa sociedade tem priorizado a aprendizagem e a valoração das formas de conceber o mundo que se referem aos conhecimentos ditos racionais e científicos; desta forma, o lúdico, a imaginação e a potencialidade criativa tem estado relegados a tempos e espaços cada vez menores. Ao considerar a necessidade e a importância de que a eles seja dado maior espaço, a autora considera a necessária formação do profissional que irá trabalhar – ou daquele, em específico, para trabalhar em espaços como os Parques Infantis – com as crianças pequenas e bem pequenas. Para FARIA
“Brincar com as crianças e permitir o tempo necessário para que elas possam criar, requer do adulto-educador conhecimento teórico sobre o brinquedo e o brincar, e muita paciência e disciplina para observar, sem interferir em determinadas atividades infantis, além da disponibilidade para (re) aprender a brincar, recuperando/construindo sua dimensão brincalhona.” (p. 213)
Embora não seja de todo ausente, o jogo acaba por ocupar os pequenos espaços de intervalo ou por ser didatizado, tornando-se um meio e não um fim.
Deste modo e para concluir, ao relacionar a potencialidade das pré-escolas aos Parques Infantis projetados por Mário de Andrade em meados do século XX, a autora nos propõe pensar as práticas neste nível de ensino como forma que respeita e possibilita a ampliação dos conhecimentos e das culturas oriundas das relações entre adultos e crianças, e entre elas próprias. Uma nova proposta de educação infantil voltada as classes populares que, mais do que assistência, construa qualidade de vida e de infância para seus pequenos frequentadores.
Notas:
1Considerações finais da tese de doutorado da autora agora apresentada em livro.
In Educação Pré-escolar e cultura: para uma pedagogia da educação infantil. Campinas. SP: Editora da UNICAMP, são paulo: Cortez, 1999.
















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