quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sobre o Ceticismo

 Diverbebe indiosas são as ocorrências que motivam o surgimento deste texto. Via de regra acontecimentos cotidianos e a percepção de falas cada vez mais céticas quanto aos nossos objetivos e práticas como seres humanos, quanto aas injustiças diárias e nossa capacidade de alterá-las, quanto a nossa  crença no futuro. Um futuro que vejo deixar de existir diariamente, de locais que vão desde as já conhecidas palhaçadas midiáticas (ocorrendo em escala global) até as falas daqueles mais próximos a mim. Eu mesma, em um período de anos perdi o prumo e estive entregue a desesperança, a apatia, a crítica constante e ao ceticismo.
Percebido o equívoco e desvelada a penumbra imposta, parece-me claro tratar-se de mais um dos mecanismos de operação do capital; qual seja a de transformar seres potencialmente criativos e transformadores em massa apatica. Qual seja a de deixar-nos quietos (ou críticos ao extremo) numa briga eterna e improdutiva entre o que somos e o que nos tornaram.
A apatia e o ceticismo nos impedem de perceber  o movimento constante das populações em favor de algo verdadeiramente humano. Algo este que vai desde a luta e a movimentação por direitos básicos que permitam a nossa sobrevivência material até a produção de arte, conhecimento e reflexão presentes nas diversas periferias e em espaços de resistência.
A crítica extrema nos impede de viver um aqui e agorapor do sol, seja em algo que estamos lendo ou no local em que estamos. A urgência da crítica extrema embota a beleza do por-do-sol, a energia da roda de samba, a potencialidade da folha em branco, a beleza do florir das árvores…
Até aqui nada de novo. O novo, para não dizer trágico, acontece quando apáticos, descrentes, críticos ao extremo e céticos tornamo-nos professores. Quando entramos em uma sala transbordando fé na vida, caso da educação infantil, onde os pequenos e pequenas (considerando evidentemente, serem eles portadores de histórias distintas, não raras vezes tristes e cruéis) ainda não foram coptados pela falta de esperança imposta pelo capital; é preciso que se responda com fé na vida, com esperança na tranformação e no futuro. É preciso reencantar-se por mais que o todo nos diga que não. Não estamos sós em nosso sonho e desejo de um amanhã melhor.
Muitos dirão que não passo de uma romântica que não conhece a vida, asseguro-lhes que não. O que aqui escrevo reflete, hoje, a minha certeza na possibilidade de uma sociedade humana diferente. A minha crença na educação para encantar-se com a vida como ação fundamental para construção desse novo tempo.
Abraços de coisas boas…
Lorena Oliveira
Para ver: Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá.
“É preciso explicar por que o mundo de hoje, que é horrível, é apenas um momento do longo desenvolvjmento histórico e que a esperança sempre foi uma das forças dominantes das revoluções e das insurreições e eu ainda sinto a esperança como minha concepção de futuro.” Jean Paul Sartre, 1963.
“Hoje, com uma pequena aparelhagem você produz opinião. Isso pode ser central na reorganização da sociedade.” Milton Santos 
“Seremos pálidas caricaturas?” Eduardo Galeano
Acesso ao documentário
Para ler: Os dez dias que abalaram o mundo. “O mais célebre relato da revolução russa” John Reed.
“A grande Revolução de Outubro foi uma revolução sem exemplo na história da humanidade.” John Reed 

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