segunda-feira, 20 de agosto de 2012

[Resenha] Apontamentos sobre o jogo a partir de Peter Slade e Viola Spolin. GRAZIOLI, Fabiano T.

Boa noite senhores leitores! Hoje (finalmente) consigo retomar a discussão relativa a especifidade da linguagem teatral. Neste artigo, Fabiano Tadeu Grazioli tece considerações a cerca do jogo tendo em vista a perspectiva de Peter Slade e os jogos dramáticos infantis e Viola Spolin e os jogos teatrais. De modo breve o autor apresenta os principais conceitos destes autores, considerados pioneiros em seus campos de estudo e proposição em relação ao teatro e seu ensino e a infância.
As imagens são fotos do espetáculo teatral As 4 Chaves do grupo Teatro VentoForte. Super recomendado para adultos e crianças, a peça se realiza como grande brincadeira que celebra a infância, a música e a cultura popular, assim como, a comunhão propiciada pela prática coletiva do fazer teatral. Características próprias do teatro idealizado e realizado por Ilo Krugli (diretor do grupo) desde o ínicio dos anos 1980. 
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GRAZIOLI, Fabiano Tadeu.
Apontamentos sobre o jogo a partir de Peter Slade e Viola Spolin.
Resenha
Neste artigo Grazioli pretende tecer algumas considerações a cerca das sistematizações realizadas por Peter Slade e Viola Spolin sobre a tematica dos jogos. Entendendo a ideia de evolução em uma escala de complexidade, considera-se a possibilidade de realização de experiências significativas com a linguagem teatral.
Neste sentido, a primeira colocação feita pelo autor diz respeito a estreita relação que se estabelece entre o jogo e o teatro. Partindo das pesquisas e propostas de diversas áreas surgidas na década de 1950, tendo a tematica do jogo como foco central; muitos são os autores que colocam a importância fundamental deste aspecto na constituição fisica e psiquica dos indivíduos. Assim,
“Nessa profusão de psicólogos, arte-educadores, diretores teatrais e professores que já contribuíram para uma discussão séria sobre o tema, surgiram diversos pensamentos que, embora se nutrissem de algumas fontes comuns, deram ao tema enfoques distintos. Desse modo, a expressão jogo, que designa a criação e a improvisação coletiva, passou a receber diversos complementos que acrescentavam a ela o sentido específico com que cada estudioso a designava.” (s.n)
Peter Slade
Ao refletir sobre a especificidade dos escritos de Peter Slade, GRAZIOLI, cita Richard Courtney e seu livro Jogo, Teatro e Pensamento; colocando o primeiro como precursor do teatro criativo. Slade cria o termo jogo dramatico infantil para referir-se a condição inerente as atividades da infância. Em suas palavras
é uma forma de arte por direito próprio, não é uma atividade inventada por alguém, mas sim o comportamento real dos seres humanos.” Segundo ele, o jogo dramático “é uma parte vital da vida jovem. Não é uma atividade de ócio, mas antes a maneira de a criança pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar, ousar, experimentar, criar e absorver” (SLADE, 1978, p.17).
De acordo com ele as brincadeiras de “faz de conta”, alcançam momentos de alta densidade representativa, não estando de acordo com as teorias que propõe uma divisão ao definirem o jogo realista como aquele que ocorre a partir da intervenção, proposição, orientação de um agente externo ao individuo; e o jogo imaginativo como aquele que ocorre enquanto fruto da atividade criativa e expontanea dos sujeitos. Para o autor, esta divisão pode até ser compreensível do ponto de vista da intencionalidade com que se criam as categorias teóricas; mas na prática ambos se complementam na ação de jogar da criança.
Da mesma forma, propõe a distinção entre o jogo projetado e o jogo pessoal. O primeiro diz respeito a prática lúdica da criança pequena que ainda não tem pleno domínio corporal, ocorrendo na maioria das vezes a partir de um suporte como os brinquedos. E o segundo refere-se as práticas infantis que surgem por volta dos cinco anos quando há uma crescente ampliação do controle corporal, possibilitando assim o surgimento de novos movimentos e proposições. Tendo em vista suas propostas sobre o assunto, Slade vai relacionar o primeiro a atividades calmas com predominio do uso das mãos e o segundo a atividades mais agitadas e com maior nível de barulho.
Viola Spolin
Neste ponto o autor inicia sua comunicação referindo-se a Viola Spolin como autora de uma proposta prática de articulação do ensino de teatro a partir dos jogo. “Sua definição de jogo articula os princípios que destacamos como fundamentais para o desenvolvimento da arte dramática, como envolvimento, estimulação da criatividade, liberdade criadora e, principalmente, a oportunidade de experimentar(...)” (s.n.)
Para a autora, as aprendizagens acontecem a partir das experiências que se estabelecem entre os indivíduos e o ambiente; sendo o jogo
“(...)uma forma natural de grupos que propicia o envolvimento e a liberdade pessoal necessários para a experiência. Os jogos desenvolvem as técnicas e habilidades pessoais necessárias para o jogo em si, através do próprio ato de jogar. As habilidades são desenvolvidas no próprio momento em que a pessoa está jogando, divertindo-se ao máximo e recebendo toda a estimulação que o jogo tem para oferecer – é este o exato momento em que ela está verdadeiramente aberta. (SPOLIN, 1992, p. 4.).
Desta forma, em relação a especificidade da prática teatral, Spolin desconsidera a ideia de talento ou falta de; para ela todas as pessoas são capazes de jogar e aprender a partir das experiências. Ao refletir sobre a adequação de sua proposta às categorias de jogo já citadas, GRAZIOLI, relaciona os jogos teatrais ao jogo realista, também conhecido como jogo de regras colocando que
“(...)percebemos que o jogo dramático rearticula as características do jogo imaginativo e o jogo teatral às características do jogo realista. A diferença fundamental entre essas categorias é que jogos dramáticos ou imaginativos possuem como princípio a livre articulação de idéias, deixando os alunos ou atores criarem e desenvolverem, por conta, as atividades. Os jogos teatrais ou realistas, por sua vez, distanciam-se dos demais por estabelecerem algumas normas e regras, tendo em vista alguns encaminhamentos pré-estabelecidos para o desenvolvimento das atividades.” (s.n)
Considerados estes conceitos, o autor nos propõe refletir sobre a condição evolutiva do jogo na criança. Citando os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, tendo em vista a especificidade da prática e aprendizagem da linguagem teatral, considera-se haver uma evolução que passa do jogo dramático infantil ou jogo imaginativo, para os jogos teatrais ou jogos de regra. Citando Ingrid Dormien Koudela, GRAZIOLI salienta tratar-se de “[...] “uma transição muito gradativa, que envolve o problema de tornar manifesto o gesto espontâneo e depois levar a criança à decodificação do seu significado, até que ela o utilize conscientemente, para estabelecer o processo de comunicação com a platéia (KOUDELA, 1992, p. 45)”. Em suas palavras “A autora caracteriza a mudança de uma categoria à outra na medida em que a expressão da pura imaginação passa a ter um sentido consciente de comunicação, traçando, assim, a diferença essencial aos dois níveis do jogo.”(s.n.)
Dito isto, conclui-se ressaltando a importância do jogo em suas possibilidades expressivas de desenvolvimento físico e psíquico, salientando sua condição de inerência a infância; sendo função da escola a garantia e ampliação das experiências que priorizem os jogos dramáticos infantis e a posterior aquisição dos jogos teatrais, de modo que as vivências práticas da linguagem teatral estejam presentes ao longo de todo percurso escolar dos indivíduos.  
Referências
GRAZIOLI, Fernando Tadeu. Apontamentos sobre o jogo a partir de Peter Slade e Viola Spolin. Revista Digital Art&, v.8, 2007.
O artigo está disponível na integra AQUI
Teatro VentoForte – Parque do Povo: Rua Brigadeiro Haroldo Veloso, 150. Itaim/ Vila Olímpia. Tel: (11) 3079-9529




















Um comentário:

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