Projetos de Pesquisa

Esta página é destinada a veiculação dos projetos de pesquisa que venho desenvolvendo ao longo dos últimos cinco anos. 

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Qual o papel da arte na educação? Estudo da importância da arte nos cursos de formação de professores.


Projeto de pesquisa na área de educação na linha de pesquisa: Arte-educação apresentado a disciplina “Construindo um projeto de pesquisa na área de educação – questões epistemológicas e práticas” sob a responsabilidade da Profa. Dra. Maria da Graça Jacintho Setton. Universidade de São Paulo/2007.


Resumo
Entendendo a Arte-educação em seu sentido amplo, do ponto de vista de um processo complexo de reorganização e representação das experiências individuais, esta pesquisa tem por objetivo ser uma modesta contribuição a compreensão da importância e função da arte na formação de professores, particularmente os oriundos dos cursos de Pedagogia. Para tanto, a pesquisa será balizada em levantamento e estudo de material bibliográfico, com enfoque nos escritos de João Francisco Duarte Jr, John Dewey, Ana Mae Barbosa e Marina Graziela Feldmann.

Objeto e problema de pesquisa
Esta pesquisa parte da constatação do pouco espaço destinado a arte nos diversos níveis de ensino, especialmente aquele dos cursos de formação de professores. Considerando possíveis deficiências nesta formação, talvez possa ser este um dos principais motivos para tal situação.
Como dito anteriormente, sendo a Arte-educação entendida como possibilidade de reelaboração das experiências reais que possibilita a simbolização das mesmas, parece-me contraditória esta condição de sua classe exclusão do currículo escolar. Quando muito, a ela são destinadas apenas duas aulas semanais, ora por falta de profissionais qualificados que realmente compreendam os aspectos pedagógicos e seus desdobramentos; ora pela falta de interesse por parte de instâncias legislativas.
Sendo objetivo da educação o pleno desenvolvimento da personalidade humana1, pressupõe, a meu ver, a consideração de seus aspectos físicos, cognitivos e emocionais. No entanto, no atual momento histórico (e cada vez mais) pautados em uma questão de racionalidade, são privilegiados apenas os desenvolvimentos físicos e cognitivos causando assim uma fragmentação das potencialidades humanas.
Aqui pretendo considerar a formação dos professores que trabalharão com a Arte, particularmente aqueles oriundos do curso de pedagogia. Hoje em sua grande maioria estes são artistas formados pedagogicamente em cursos de licenciatura. Quanto ao profissional responsável pela educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental (Pedagogo), seu curso2 conta apenas com uma disciplina obrigatória intitulada Metodologia do ensino de arte e movimento corporal.
Dito isto surgem às questões: Porque é tão pouco o espaço destinado à reflexão estética nos cursos de pedagogia? Qual a importância de tal experiência para sua formação enquanto responsável por uma educação que se pretende integral?

Justificativa
Sendo a Arte uma das formas de nos percebermos enquanto humanos, criadores de cultura e a educação o que poderíamos compreender como simbolização das percepções, convém que elas estejam correlacionadas quando da formação dos indivíduos. “Pela arte o homem explora aquela região anterior ao pensamento, onde se dá seu encontro primeiro com o mundo. A forma discursiva da linguagem toma esse encontro e o fragmenta.” (Duarte Jr., 1981, p. 93-94). Ou ainda se considerarmos um de seus princípios, a imaginação; esta é fundamental neste processo de simbolização das experiências reais. Como propõe Dewey em seu livro Democracia e Educação quando diz que:

“Não fosse pelo jogo da imaginação, não haveria nenhum caminho que levasse de uma atividade direta para o conhecimento representativo, pois é através da imaginação que os símbolos são traduzidos num significado direto e integrado.”3

Conceber a formação dos indivíduos enquanto sujeitos plásticos e portanto plenos de possibilidade, pressupõe ao pedagogo domínio de conhecimentos e experiências que lhe possibilite desenvolver as representações cognitivas e as expressões emocionais de seus alunos. A experiência estética proporcionada pela Arte resulta em uma equilibração dos aspectos cognitivos e emocionais à medida que tenciona a expressão de experiências reais dos indivíduos que não podem ser simbolizadas através da linguagem. Negar tal possibilidade significa “...impedir uma visão totalizante do fenômeno humano, ao desestimular a criação de sentidos individuais com relação ao “todo” da vida.” (Duarte Jr. 1981, p. 65).
Neste sentido, minha proposta consiste em tentar compreender alguns aspectos da correlação entre a arte e a educação levando em conta seus aspectos históricos enquanto área de conhecimento e trabalho pedagógico; aspectos psicológicos de equilibração proporcionados pela experiência estética; para em seguida questionar a formação do pedagogo recebida neste aspecto da educação. Devo considerar o pedagogo por tratar-se do profissional habilitado por excelência para trabalhar na educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental; período de “introdução” à cultura simbólica formal, portanto responsável por quem sabe, um período fundamental a definição do sucesso ou fracasso escolar.
Acredito, desta forma poder contribuir para a compreensão das relações entre Arte e Educação e a legitimação de sua importância na formação de professores.


Referências Bibliográficas
BARBOSA, Ana Mae. “Arte-Educação no Brasil Realidade hoje e expectativas futuras. In Revista de Estudos Avançados, 1996, p. 170-182.
BARBOSA, Ana Mae. Recorte e Colagem: influência de John Dewey no ensino de arte no Brasil. São Paulo, Cortez, 1982.
DUARTE JR., João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. São Paulo, Cortez, 1981.
FELDMANN, Marina Graziela. “Formação de professores e o ensino de arte na escola brasileira”. Disponível na Internet, acessado em 22.04.07.
JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. “Desafios da (in)formação docente: o trabalho pedagógico com as artes na escolarização”. Eccos – Ver. Cient., UNINOVE, São Paulo, v.6, n.1, p.65-83.
NISBET, Robert. A sociologia como uma forma de arte. In Revista Plural, USP, São Paulo, 2007, p.111-130.
RAPOSO, M. Eugênia Simões. “A escola para todos é artística: a dimensão estética e a dimensão lúdica na construção da pessoa”. Este artigo decorre de uma comunicação apresentada na 9º Conferência Internacional de Ludotecas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em 14 de maio de 2002.
SEPPI, Isaura da Cunha. “A importância da arte na formação do educador”. Disponível na Internet, acessado em 17.04.07

Notas
1 Artigo 26 da Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1948.
2 Baseado na grade curricular do curso de Pedagogia da Universidade de São Paulo (USP), 2007.
3 In Recorte e Colagem, Ana Mae Barbosa, 1982, p.75.
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