domingo, 8 de abril de 2012

[Resenha] 8. Espaços Educacionais e de Envolvimento Pessoal. Lella Gandini.

Caryb_capoeira1    Caryb_Feira
Alô vocês que aqui me leem! Pensando na crescente ampliação dos estudos e do reconhecimento do espaço físico como importante aspecto de uma pedagogia da educação infantil que se pretende em construção, deixo a resenha de um capítulo do livro As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Escrito e organizado pela própria Lella Gandini em parceria com Carolyn Edwards e George Forman o livro retrata a experiência italiana na construção desta pedagogia que entende e respeita as especificidades das crianças pequenas.
Estando sua prática intimamente ligada ao cotidiano das pessoas da cidade, considerada a especificidade dos temas, escolhi o sr. Hector Júlio Páride Bernabó ou Carybé para ilustrar esta postagem. Nascido argentino tornou-se brasileiro passando a retratar em suas obras nosso povo e cultura.
Oxalá  eles estejam presentes em nossas escolas de educação infantil!
Boa leitura!
Abraços de coisas boas,
Lorena Oliveira _______________________________________________________ Resenha
Precisamos respeitar o tempo de maturação, de desenvolvimento
das ferramentas do fazer e do entender,
da emergência plena, lenta, extravagante, lúcida
e em constante evolução das capacidades das crianças;
esta é uma medida de bom-senso cultural e biológico.”
(Loris Malaguzzi, apud, p.157)
Neste capítulo publicado no livro “As Cem Linguagens da Criança..”, Lella GANDINI trata de apresentar reflexões e propostas referentes a construção dos espaços de educação infantil, entendendo-os como locais de aprendizagem e reconhecimento da comunidade. Deste modo, ao descrever o espaço físico elaborado pela Escola Diana, em Reggio Emilia, Itália; a autora nos propõe uma forma de conceber o espaço que leva em conta a especificidade das crianças pequenas e dos adultos que ali estão. Coloca-se a importância de estabelecermos relações de significado sobre a participação do espaço físico na construção das propostas educacionais, para além de uma análise superficial, a partir da observação das relações que crianças e adultos estabelecem com e nesse ambiente. A parceria entre as diversas pessoas que frequentam e compõem estes espaços, são a base fundamental para a realização de um trabalho que leve em conta as demandas de cada um; pais, professores, funcionários e crianças. Assim,
“Uma vez que a filosofia e as escolhas básicas de seu programa educacional estavam estabelecidas, os educadores de Reggio Emilia planejaram e criaram a estrutura e o arranjo do espaço. (…) coordenadores pedagógicos, professores e pais encontraram-se para planejar com os arquitetos. (…) falam sobre o espaço como um “container” que favorece a interação social, a exploração e a aprendizagem, mas também veem o espaço como tendo um “conteúdo” educacional, isto é, contendo mensagens educacionais e estando carregados de estímulos para a experiência interativa e a aprendizagem construtiva. (Fillipini, apud p. 147)
Por se tratarem de espaços imersos em uma comunidade, as escolas de educação infantil em Reggio Emilia, consideram as ruas e as particularidades de seu entorno como espaços constituitivos dos projetos educativos desenvolvidos com as crianças que frequentemente são levadas à explorá-los. Desta forma, instigados pela construção de projetos investigativos, para além de passeios com fins unicamente recreativos; os espaços físicos nos quais o cotidiano acontece fazem parte dos projetos de educação que visam a construção da integridade e da autonomia infantil.
Afim de valorizar as produções infantis e a preservar a história e a cultura que se constrói nas escolas de Reggio Emilia; estes espaços apresentam em suas paredes as pessoas que ali convivem. Através de fotos, desenhos, aquisições dos passeios, artigos trazidos de casa, etc. constroem-se painéis e a memória de cada um dos espaços de educação infantil que compõe essa rede. Como salientado no título, mais do que espaços de educação e cuidado das crianças pequenas, as escolas de educação infantil são espaços de envolvimento pessoal, construção de identidade e contato com o mundo e com a sociedade, sendo fundamental que seus frequentadores sintam-se confortáveis e acolhidos em suas dependências. “De acordo com Loris Malaguzzi: As paredes de nossas pré-escolas falam e documentam. As paredes são usadas como espaços para exposições temporárias e permanentes de tudo o que as crianças e os adultos trazem à vida.” (MALAGUZZI, cap. 3, neste volume, apud GANDINI, p. 155)
A partir da planta arquitetônica da escola Diana, a autora faz uma extensa descrição de seus espaços físicos. Destes, tendo em vista os objetivos deste texto, destacaremos o espaço destinado as experiências plásticas com diversos materiais, chamados atelier. Neles, profissionais habilitados ao trabalho com artes orientam, acompanham e planejam vivências junto aos professores de cada sala; assim como documentam, selecionam e elaboram material para as exposições. As crianças são convidadas a experimentar e a construir ou testar hipóteses que tenham surgido nos demais espaços.
Ressalta-se ainda, que nas escolas de Reggio Emilia não há troca de professores, sendo o mesmo profissional aquele que permanece junto a criança ao longo de todo ciclo naquele estabelecimento. Tal fato permite sempre a continuidade de processos sem que haja a constante necessidade de novas adaptações ao longo dos anos. Para concluir GANDINI ainda refere-se ao tempo que se constrói a partir destes espaços. De acordo com a autora, espaços cuidadosamente planejados requerem que sua utilização ao longo do tempo também seja planejada levando em consideração todas as variáveis aqui tratadas.
In EDWARDS, Carolyn. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Trad. Dayse Batista – Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda, 1999. (p.145-159)
Imagens: Google Imagens.




















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